Arquivo para dezembro 2019

Norah Jones in Rio

15/12/2019

Em dezembro de 2012, tínhamos ingressos comprados para o show de Norah Jones no Vivo Rio, mas o pai dela, Ravi Shankar, faleceu no início da semana e o show foi cancelado. Então levou SETE anos para que pudéssemos vê-la ao vivo no Vivo.

Em 2012 ela havia lançado o bom …Little Brokens Hearts, que oferecia uma pegada mais pop. A partir de 2015 com o advento da paternidade, ficou difícil acompanhar lançamentos, de forma que seus álbuns mais recentes, Day Breaks (2016) e Begin Again (2019), são desconhecidos para mim.

Aos 33 anos, Norah Jones estava certamente no auge da forma física, mas aos 40 aparenta estar em plena maturidade artística. Voz precisa, aveludada, sabendo botar mais potência em determinados momentos.

Norah não deixou a plateia órfão de seus maiores sucessos. Senti falta apenas de ‘Sinkin’ Soon, de seu terceiro álbum. A sonífera (no bom sentido) Come away with me foi gratamente repaginada com guitarra em vez de piano. Sim, Nora Jones troca o piano pela guitarra em duas músicas. A outra foi a ótima Little Broken Hearts.

O percussionista Marcelo Costa a acompanha num set de três músicas. Numa delas, Sunrise, numa excelente versão, muito superior à do álbum, entra também um flautista, que havia tocado também na música de abertura, A outra canja do dia foi a de Jesse Harris, amigo da cantora e compositor de Don’t know why, que fez o bom show de abertura para uma plateia escandalosamente barulhenta. Harris me lembra muito Paul Simon em sua fase mais jazzística da carreira solo.

Por fim, Norah é acompanhada por um excelente dupla de baixo e bateria, que muitas vezes rouba a cena.

Sobre o Vivo Rio, uma das razões de ter encarado os ingressos caríssimos foi o fato de ser cadeiras, como em um teatro, e não aquelas odiosas mesas. Porém, podem tirar a mesma, mas a mesa não sai da mentalidade das pessoas. Assim, tivemos de conviver com atendentes trançando entre as fileiras para entregar comidas e bebidas nos assentos, equilibrando suas famigeradas lanterninhas na boca.

O público brasileiro, como de hábito, não para de falar um só minuto, pra não falar no vai e vem. Não à toa meus últimos shows, fora o Rock in Rio, foram no Teatro Municipal, o último bastião onde a música está em primeiro plano. Por sorte, o som da casa estava alto e límpido, nota 10.