Nunca gostei da carreira solo do Arnaldo Antunes, embora goste das colaborações dele com a Marisa Monte e Cássia Eller. Talvez o problema seja a voz desafinada e limitada, que encaixava bem nos Titãs, mas não dá conta de todas as variações necessárias a uma obra mais diversificada.
Mas quando li os artigos sobre A Curva da Cintura, disco que fez com seu amigo Edgard Scandurra e mais um importante músico do Mali, Toumani Diabaté, achei que seria algo do qual pudesse gostar. E gostei!
A primeira coisa a dizer é que ouvir Arnaldo cantando me faz admirar as habilidades vocais de Scandurra. Algumas composições seguem aquele estilo ingênuo que impregna a obra de Marisa Monte e Nando Reis, embora só o último saiba fazer isso realmente bem. Melhor a encarnação Partimpim de Adriana Calcanhoto, direcionando a música pra um público de fato infantil.
Apesar das críticas acima, o disco é bom. A sonoridade é irretocável, excelente, um prazer aos ouvidos. Os bons momentos superam as escorregadelas. Na última faixa “oficial” do disco, uma composição de Diabaté, Kaira, com uma ótima versão de Arnaldo Antunes pra letra.
O álbum conta ainda com 4 faixas bônus, todas instrumentais. É aqui que a coisa atinge outro nível de existência. Trilha pra acompanhar uma tarde de verão jogado na rede da varanda.
Trecho do documentário sobre as gravações, com a canção Que me continua (onde o Arnaldo manda bem).