Quando estava elaborando meu Top 20 dos anos 60 e pensei no Are you experienced: “claro, óbvio! Não tem como deixar de fora!” Mas aí entrou em campo minha fidelidade ao álbum original…
O problema começa na diferença entre o álbum americano e o inglês, relevantemente diferentes, assim como os álbuns iniciais dos Beatles e dos Rolling Stones. A versão em CD atualmente à venda é formada pelos três primeiros singles de Jimi Hendrix e, a partir da 7ª faixa, o disco original inglês. Em tese, eu deveria avaliar apenas essa parte. Aí começaram meus problemas.
Pense no Real Madrid. Timaço! Agora tire dele o Cristiano Ronaldo, o James Rodríguez e o Tony Kroos… Continua um timaço, não é mesmo? Mas que time no mundo não se ressente da saída de três craques desse naipe? Dá a impressão que o time ficou fraco. O mesmo acontece quando você saca músicas como Hey Joe, Purple Haze, The wind cries Mary e Highway Chile do tracklist. O álbum continua ótimo, mas…
Confesso que tive que reaprender a ouvir o disco até me livrar dessa impressão. O bom disso é que o escutei diversas vezes recentemente. E aí acabo entregando a verdadeira motivação de todas essas listas: inventar uma desculpa pra arrumar tempo em meio a essa vida tão atribulada para escutar esses discos, furando a fila de tantos outros ainda por ouvir.
Falar sobre um álbum tão balado é complicado, pois não há nada a acrescentar. Jimi era criativo, inventivo, um puta guitarrista, mas também um cantor interessantíssimo.
The wind cries Mary (que é da versão americana) ao vivo em Estocolmo.
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Esse é o terceiro álbum de estreia desse Top 20, e vem mais um pelo caminho. De fato, a segunda metade dos anos 60 foi bastante feliz nesse aspecto. O primeiro disco de Jim Morrison e companhia parece daqueles que a banda se preparou a vida inteira para gravá-lo. The Doors, o álbum, é forte, maduro, intenso. O disco, na verdade, foi gravado ainda em 1966.
As mais conhecidas, Break on through (to the other side), Light my Fire e The End, certamente justificam a sua fama. Mas mesmo algumas faixas despretensiosas e menos conhecidas, como Take it as it comes (que ganhou um cover dos Ramones), I look at you e End of the night não deixam a peteca cair. Soul Kitchen, “coverizada” por Patti Smith e Echo & the Bunnymen (ótima versão, aliás), está entre as minhas preferidas do grupo.
Tanta intensidade na estreia talvez tenha prejudicado o foco nos álbuns seguintes, com ótimas músicas, mas não grandes álbuns. Neste aspecto, a situação melhora (e muito) nos dois últimos.
Esse álbum lembra minha primeira faculdade, regada a The Doors, o impacto da atuação de Val Kilmer e todas essas coisas. E tudo o que eu tinha era uma fita K-7.
Back Door Man, ao vivo na Europa, 1968.