Archive for the ‘The Doors’ category

Top 20 – 1960/1969 (5ª parte)

11/03/2015
Are you experienced (1967), The Jimi Hendrix Experience.

Are you experienced (1967), The Jimi Hendrix Experience.

Quando estava elaborando meu Top 20 dos anos 60 e pensei no Are you experienced: “claro, óbvio! Não tem como deixar de fora!” Mas aí entrou em campo minha fidelidade ao álbum original…

O problema começa na diferença entre o álbum americano e o inglês, relevantemente diferentes, assim como os álbuns iniciais dos Beatles e dos Rolling Stones. A versão em CD atualmente à venda é formada pelos três primeiros singles de Jimi Hendrix e, a partir da 7ª faixa, o disco original inglês. Em tese, eu deveria avaliar apenas essa parte. Aí começaram meus problemas.

Pense no Real Madrid. Timaço! Agora tire dele o Cristiano Ronaldo, o James Rodríguez e o Tony Kroos… Continua um timaço, não é mesmo? Mas que time no mundo não se ressente da saída de três craques desse naipe? Dá a impressão que o time ficou fraco. O mesmo acontece quando você saca músicas como Hey Joe, Purple Haze, The wind cries Mary e Highway Chile do tracklist. O álbum continua ótimo, mas…

Confesso que tive que reaprender a ouvir o disco até me livrar dessa impressão. O bom disso é que o escutei diversas vezes recentemente. E aí acabo entregando a verdadeira motivação de todas essas listas: inventar uma desculpa pra arrumar tempo em meio a essa vida tão atribulada para escutar esses discos, furando a fila de tantos outros ainda por ouvir.

Falar sobre um álbum tão balado é complicado, pois não há nada a acrescentar. Jimi era criativo, inventivo, um puta guitarrista, mas também um cantor interessantíssimo.

The wind cries Mary (que é da versão americana) ao vivo em Estocolmo.

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The Doors (1967).

The Doors (1967).

Esse é o terceiro álbum de estreia desse Top 20, e vem mais um pelo caminho. De fato, a segunda metade dos anos 60 foi bastante feliz nesse aspecto. O primeiro disco de Jim Morrison e companhia parece daqueles que a banda se preparou a vida inteira para gravá-lo. The Doors, o álbum, é forte, maduro, intenso. O disco, na verdade, foi gravado ainda em 1966.

As mais conhecidas, Break on through (to the other side), Light my Fire e The End, certamente justificam a sua fama. Mas mesmo algumas faixas despretensiosas e menos conhecidas, como Take it as it comes (que ganhou um cover dos Ramones), I look at you e End of the night não deixam a peteca cair. Soul Kitchen, “coverizada” por Patti Smith e Echo & the Bunnymen (ótima versão, aliás), está entre as minhas preferidas do grupo.

Tanta intensidade na estreia talvez tenha prejudicado o foco nos álbuns seguintes, com ótimas músicas, mas não grandes álbuns. Neste aspecto, a situação melhora (e muito) nos dois últimos.

Esse álbum lembra minha primeira faculdade, regada a The Doors, o impacto da atuação de Val Kilmer e todas essas coisas. E tudo o que eu tinha era uma fita K-7.

Back Door Man, ao vivo na Europa, 1968.

 

 

Top 30 – 1970/1979 (10ª parte)

03/08/2013

A primeira vez na vida que ouvi falar na existência de uma banda chamada The Doors foi algumas semanas antes do RPM reviver a Beatlemania em solo tupiniquim. A turnê que os catapultou ao estrelato estava para estrear no Canecão e uma matéria na Globo chamou a atenção para um pequeno snippet de Light my fire em Rádio Pirata, passando imagens de Jim Morrison, todo de preto,  contorcendo-se no palco. Da música eu já tinha ouvido a respeito. Meu pai tinha um vinil da Maysa ao vivo no mesmo Canecão, no qual ela também cantava a música. Um tanto inusitado, não?

Entretanto, só com os covers do Echo & The Bunnymen nos antológicos shows também no Canecão, Soul Kitchen e snippets de Ligh my Fire em Crocodiles e The End em Thorn of Crowns (Renato Russo também mandava um The End em uma das diversas versões ao vivo de Ainda é cedo), que eu resolvi dar uma olhada mais de perto. Um amigo tinha o Alive she cried (um ao vivo com excelentes versões de Gloria e Moonlight Drive) e outro tinha uma coletânea dupla. E assim gravei minhas fitas K7, às quais juntei um vinil do Hollywood Bowl (na verdade um EP ao vivo chumbrega).

Bem, isso tudo foi nos anos 80. Não sei bem por quê, em algum momento dos anos 90, quanto todo mundo escutava grunge ou britpop, comecei a arrebanhar todos os CDs da banda. Um eu já conhecia bem de casa de amigos, Morrison Hotel, e talvez por isso mesmo tenha demorado um pouco mais para comprar. Outro, do qual só conhecia duas músicas e que foi um dos primeiros a adquirir, tornou-se logo meu preferido: LA Woman.

L.A. Woman (1971), The Doors.

L.A. Woman (1971), The Doors.

Sempre que penso no álbum LA Woman, vem à mente um disco de blues. De fato, as faixas Been down so long, Cars hiss by my window e a tradicional Crawling King Snake contribuem nesse sentido, mas é pouco pra justificar essa impressão tão arraigada em mim.

O disco abre com um funk, The Changeling, que não ficaria nada mal na trilha sonora de Shaft.  Na sequência, a ótima Lover her madly que tanto irritou o produtor Paul Rotchild. Adoro a canção, que me faz lembrar outros momentos despretensiosos da banda, como Take it as it comes e I looked at you. Hyacinth House é uma relaxante e melancólica balada. The WASP (Texas Radio and the Big Beat), uma interessante mistureba de estilos que hoje provavelmente ganharia incrementos eletrônicos (aliás, Jim Morrison já profetizava o futuro da música eletrônica numa entrevista de TV).  As mais conhecidas do disco, claro, são a faixa-título e Riders on the Storm. Apenas L’America não diz muito a que veio.

Sabendo que as gravações começaram com o pior clima possível e com a debandada de Rotchild, salvas pela iniciativa do então engenheiro de som Bruce Botinck, que conseguiu estimular um cansado Jim Morrison e arejar o ambiente, o resultado impressiona. Assim como a horrorosa capa, que lembra aquelas coletâneas de gravadora pirata, com erro de digitação no nome das músicas.

Vídeo de LA Woman.

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Morrison Hotel (1970), The Doors.

Morrison Hotel (1970), The Doors.

O disco anterior e mais conhecido, Morrison Hotel, é até mais rock do que LA Woman. A banda sempre teve o blues como referência, assim como a psicodelia e toques experimentais. Mas, com o fracasso de Soft Parade (fraquinho mesmo), a reação foi um blues-rock na veia. A única exceção foi Waiting for the Sun, título do 3º álbum, de cujas sessões a música teve origem.

Ao contrário do que ocorre com a primeira faixa de LA Woman, que dá uma impressão totalmente equivocada do que será o disco, Roadhouse Blues é um perfeito cartão de visita para o que o ouvinte vai encontrar pela frente. Entretanto, o álbum peca um pouco no acabamento, soando às vezes como colagem de pedaços de canções.

O CD perde um detalhe curioso do vinil, que são os títulos diferentes para cada lado: o lado A é Hard Rock Cafe, e o lado B, Morrison Hotel. Algumas curiosidades em torno disso podem ser lidas aqui.

Vídeo de Roadhouse Blues.