Archive for the ‘Shows’ category

QUEEN EXTRAVAGANZA

22/12/2021

Minha irmã e meu sobrinho entraram numa vibe de banda covers. Até que faz sentido: o meu sobrino não teve a oportunidade que nós tivemos de ver muitas bandas ao vivo. Eles já foram no Pink Floyd e no The Who, e meu irmão no Dire Straits e Elvis. E então ela me falou desse tal de Queen Extravaganza.

Nunca tinha ouvido falar e nem tentei me informar. Estava tão arrependido de não ter ido no show com o Adam Lambert que comprei no escuro, buscando ser surpreendido com o que ia encontrar. Só sabia que a banda era produzida pelo Brian May e Roger Taylor. Como o show seria no Municipal, até pensei que fosse algo no estilo rockestra. Mas não…

No fundo do palco, a imensa logo da banda. À frente, os instrumentos típicos de uma banda de rock. Nada de orquestra.

Então eles entram na penumbra, cabeludos. Seria o próprio Brian May? Então entra o baterista, que com certeza não era o Roger Taylor. Bem, é cover mesmo…

E aí entra o resto e a banda manda logo “One Vision”. Beleza, som bom, limpo, digno dos ingleses. E aí o vocalista me manda um “boa noite” muito bem articulado. Pensei: “este fez o dever de casa”. E aí mandou um “muito obrigado” sem sotaque. Será latino? E aí, antes de “Fat Bottom Girls”, começa a falar em português direto. Pow… o cara é brasileiro, meu!

Resumo da ópera (com trocadilho, por favor): o projeto Extravaganza foi montado pelo pessoal do Queen para ser a banda cover oficial do grupo. Junto com o tecladista Sipke Edney, que põe mais a mão na massa, eles mesmos selecionam e dirigem musicalmente a banda. Parece que ela existe desde 2011.

Nas turnês, o baterista americano Tyler Warren, que toca junto com Edney no Queen principal, atua como diretor musical. Outro americano, Brian Gresh, é o guitarrista. Tyler protagoniza um solo de bateria excepcional e Brian consegue tirar da guitarra o mesmíssimo som que seu xará.

Completam a banda o baixista canadense François-Olivier Doyon, mais discreto, assim como John Deacon (mas parecendo ter saída de uma banda cover do Metallica), o tecladista inglês Darren Reeves e o vocalista brasileiro Alírio Netto.

Alírio não tenta imitar Freddie Mercury, e foi orientado a não fazê-lo, o que é um ponto positivo do show. Fica claro sua formação no heavy metal. Eu comentava com a minha esposa que ele me lembrava o André Mattos, do Angra. E não é que eu descubro que ele já cantou com o Angra, e também com a banda Age of Artemis! Seu início de carreira foi no musical “Jesus Cristo Superstar”, e chegou ao Extravanganza por meio da produção brasileira do “We Will Rock You” em 2016.

Feitas as devidas apresentações, vamos ao show…

O repertório é bem greatest hits. Uma exceção é “Stone Cold Crazy”, levada por Tyler, que também canta outras músicas. Outra foi “Need your loving tonight”, só cantada na turnê do “The Game”. Ou seja, nada de surpresas. Acredito que “Spread your wings” se encaixaria muito bem na voz de Alírio, uma pena. Algumas funcionam melhor do que outras, mas todas são muito bem executadas. A plateia demorou um pouco pra esquentar (Municipal, né…), mas a coisa acabou pegando fogo.

E aí, ao perceber essa característica vocal da banda, intuí o que vinha pela frente: “Bohemian Rhapsody” ao vivo na íntegra. Dito e feito! Pô, nem a banda original bancou isso. Uma coisa é fazer isso num musical, outra numa banda de rock com cinco caras. Eu me arrepiei e quase fui às lágrimas.

Enfim, um puta show!

Um destaque é que todos cantam. Guitarrista e baixista, mais discretamente. Mas é interessantíssimo como eles se preocupam em reproduzir os arranjos vocais do disco ao vivo, coisa a qual nem o Queen com o Mercury se dedicava com tanto afinco.

Norah Jones in Rio

15/12/2019

Em dezembro de 2012, tínhamos ingressos comprados para o show de Norah Jones no Vivo Rio, mas o pai dela, Ravi Shankar, faleceu no início da semana e o show foi cancelado. Então levou SETE anos para que pudéssemos vê-la ao vivo no Vivo.

Em 2012 ela havia lançado o bom …Little Brokens Hearts, que oferecia uma pegada mais pop. A partir de 2015 com o advento da paternidade, ficou difícil acompanhar lançamentos, de forma que seus álbuns mais recentes, Day Breaks (2016) e Begin Again (2019), são desconhecidos para mim.

Aos 33 anos, Norah Jones estava certamente no auge da forma física, mas aos 40 aparenta estar em plena maturidade artística. Voz precisa, aveludada, sabendo botar mais potência em determinados momentos.

Norah não deixou a plateia órfão de seus maiores sucessos. Senti falta apenas de ‘Sinkin’ Soon, de seu terceiro álbum. A sonífera (no bom sentido) Come away with me foi gratamente repaginada com guitarra em vez de piano. Sim, Nora Jones troca o piano pela guitarra em duas músicas. A outra foi a ótima Little Broken Hearts.

O percussionista Marcelo Costa a acompanha num set de três músicas. Numa delas, Sunrise, numa excelente versão, muito superior à do álbum, entra também um flautista, que havia tocado também na música de abertura, A outra canja do dia foi a de Jesse Harris, amigo da cantora e compositor de Don’t know why, que fez o bom show de abertura para uma plateia escandalosamente barulhenta. Harris me lembra muito Paul Simon em sua fase mais jazzística da carreira solo.

Por fim, Norah é acompanhada por um excelente dupla de baixo e bateria, que muitas vezes rouba a cena.

Sobre o Vivo Rio, uma das razões de ter encarado os ingressos caríssimos foi o fato de ser cadeiras, como em um teatro, e não aquelas odiosas mesas. Porém, podem tirar a mesma, mas a mesa não sai da mentalidade das pessoas. Assim, tivemos de conviver com atendentes trançando entre as fileiras para entregar comidas e bebidas nos assentos, equilibrando suas famigeradas lanterninhas na boca.

O público brasileiro, como de hábito, não para de falar um só minuto, pra não falar no vai e vem. Não à toa meus últimos shows, fora o Rock in Rio, foram no Teatro Municipal, o último bastião onde a música está em primeiro plano. Por sorte, o som da casa estava alto e límpido, nota 10.

 

Silvia Pérez Cruz no Blue Note, Rio de Janeiro, 18/04/2018.

14/02/2019

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Se não fôssemos ao show do Jorge Drexler, nunca teríamos ficado cientes da presença dessa magnífica cantora catalã em nossas terras. Drexler não só a chamou ao palco para três canções (uma delas, solo), como também fez questão de fazer propaganda do show na semana seguinte. Comprei os ingressos na mesma noite.

O Blue Note é pra lá de inadequado. Não só insiste no irritante modelo antimusical das mesinhas, como o espaço entre as cadeiras é constrangedoramente apertado. O som, pelo menos, é ótimo, mas você escuta com a mesma nitidez o cara com coqueteleira detrás do balcão.

Silvia chegou chegando. Falando um português melhor que o amigo Drexler (o que era esperado, pois ela canta em espanhol, catalão e português), esbanjou simpatia, boniteza, timidez sedutora e, o mais importante, a belíssima voz.

Assim como Drexler, deixou a plateia babando ao contar a noite na casa de Caetano com todos tocando e cantando.

Com forte influência flamenca, Silvia transita principalmente pela música popular, adaptando-se facilmente à bossa-nova, ao samba, ao fado e à chanson (sim, ela nos brindou com uma palhinha de Piaf), mas seus discos contém muito experimentalismo, costumeiramente acompanhada por músicos nada tradicionalistas.

Silvia explorou pouco seu repertório autoral, sempre apresentado solo ao violão. Aos poucos foi chamando seus amigos brasileiros para tocar com ela. Marcelo Caldi (Farra dos Brinquedos) na sanfona, André Vasconcellos no baixo acústico, Rafael dos Anjos no violão e Hamilton de Holanda no bandolim. Também tocou um outro violonista (muito interessante) do qual só peguei o sobrenome, Delgado, mas que não era da mesma tchurma. Todos os demais acabaram se juntando em uma superbanda, com Hamilton debandando mais cedo.

Com seus amigos, Silvia preferiu apostar num repertório conhecido do público para mostrar seu lado intérprete. Elencou canções standard, tipo Asa Branca, Carinhoso, Chega de Saudade. Mas, como de convencional Silvia tem pouco, o karaokê logo virava improvisações jazzísticas com sotaque flamenco. E aí mostrou uma versão definitiva para Não deixe o samba morrer.

Se as canções eram batidas para nós, ela parecia se divertir com a possibilidade de cantar tal repertório em um show. Isso dava um raro frescor a algumas canções. Foi mais ou menos o que passou pela minha cabeça ao ver o disco Carminho canta Tom Jobim: para ela, isso deve ser uma aventura.

O show teve dois momentos de êxtase. O primeiro, o dueto com Hamilton de Holanda em Currucucucu Paloma, que ela já havia feito (só soube agora) com ele no Baile do Almeidinha, em 2016, no Circo Voador. Com Jorge Drexler, uma semana antes, ela tinha cantado a mesma música numa versão mais comportada. Com Hamilton, a performance se tornou aqueles momentos mágicos que você simplesmente agradece à vida por ter presenciado (é o vídeo que eu posto aqui).

O segundo momento é no bis, quando ela fica na dúvida do que fazer, as pessoas (inclusive eu) começa a pedir canções do repertório dela, ela se emociona, começa um Acabou Chorare (pedido por alguém) a capella, emenda com Eu sei, da própria lavra, e vai emendando em outras.

Enfim, uma noite fantástica que eu espero que se repita outras vezes.

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Madeleine in Rio

11/11/2017

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Madeleine Peyroux está longe de ser uma grande entertainer, mas conquista com sua simplicidade de quem entra para cantar como se estivesse no pub da esquina. Já os outros componentes do trio, o guitarrista Jon Herington e o baixista Barak Mori esbanjam carisma, além de garantir uma solidez sonora que transforma qualquer bobagem musical em um clássico do jazz.
O setlist também está longe de contemplar os grandes sucessos para agradar ao público. Madeleine canta o que quer, como todo bom artista deve fazer. Seu único erro, a meu ver, foi logo na segunda música desfiar uma série de alfinetadas musicais contra Donald Trump. Não que me incomode em fazê-lo, mas apenas uma canção é pouco para criar um clima de intimidade com a plateia para embarcar nesse tipo de brincadeira.
Assim, o show decolou lá para quinta ou sexta canção, quando manda uma inusitada versão de Getting Better, dos Beatles, e canções como I ain’t got nobody e You can’t catch me. O repertório incluiu uma bela canção argentina e duas brasileiras (Corcovado e Água de Beber), com o espanhol dela soando melhor que o português. Aliás, Madeleine fez questão de traduzir todas as suas falas para o português. Cantou melhor do que falou, naturalmente.
No meio da apresentação, um pequeno descanso para os músicos, e ela emenda um longo e cativante medley ao violão, que inclui uma canção em francês, J’ai deux amours, e Trampin’. Os músicos voltam com uma vibrante Shout, Sister Shout e o novo set termina com um tiro certo: sua versão para Dance me to end of love, de Leonard Cohen. A saída protocolar é seguida de um emocionante bis com, salvo engano, duas canções.
Já havia reparado no Youtube… Estranhamente, Madeleine Peyroux soa melhor para mim nos discos do que ao vivo. Nada a ver com a voz, excelente, ou os arranjos, igualmente excelentes. Há algo na sua presença de palco que parece querer negar o glamour das divas do jazz. Nesse ponto, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro não poderia ser palco melhor para a sua apresentação. Uma casa que garante charme a qualquer espetáculo e que, ao mesmo tempo, permite que o público veja os músicos nos olhos, os escute como se não houvesse nenhum aparato eletrônico a intermediar o som entre artista e plateia. Enfim, uma noite absolutamente agradável.
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The Joshua Tree Tour 2017

08/11/2017

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Joshua Tree Tour sempre foi o show que eu quis ver. Acho que eu trocaria todos os shows que eu vi na vida (ok, menos o do Queen no Rock in Rio) para estar em um daqueles shows filmados em Rattle & Hum. Portanto, não preciso dizer o que significou pra mim saber que o U2 iria fazer uma tour especial de 30 anos do disco.

Tratei logo de garantir meu ingresso para um show em Barcelona. O problema é que meu segundo filho estaria recém-nascido. Mas, antes disso, foram anunciados os shows em São Paulo. Vendi o ingresso de Barcelona e comprei duas noites em São Paulo: dias 19 e 22 (primeira e terceira de quatro noites) no Morumbi.

Pela primeira vez, não quis saber de nada sobre a turnê. Não li sobre nenhum setlist, não assisti a nenhum vídeo. Mas, na última hora, deixei escorregar o mouse pro setlist do show em Santiago. Ele era quebrado em três atos: um com quatro músicas pré Joshua Tree, tocados no palco B sem telão. O segundo composto de todo o álbum, na ordem do disco. O terceiro com sucessos posteriores. Talvez tenha sido a turnê mais engessada dos irlandeses.

Costumo dizer que, para ver um show, é preciso vê-lo duas vezes. Na primeira vez, a adrenalina faz com que aquela experiência se dissipe rapidamente. É como back-up. Quem um, não tem nenhum. Por isso, a minha primeira noite, lá no alto da arquibancada em um fim de tarde escaldante, foi como um ensaio geral. A minha segunda noite, nas cadeiras inferiores do Morumbi, em uma noite chuvosa, é que seria a experiência real. Não sei se por isso ou se de fato, a segunda noite foi musicalmente espetacular. Tanto para o U2 quanto para o show de abertura com Noel Gallagher.

Dessa primeira noite guardo, como inesquecível, o snippet de Heroes em Bad e uma versão avassaladora de Vertigo, turbinada pela antecessora Elevation. Mas, acima de tudo, a capacidade de revitalizar uma canção já batida: Sunday Bloody Sunday. Há tempo que sua inclusão no setlist causava um certo enfado. Mas, ali, abrindo o show… ouvir a bateria de Larry como o primeiro “big sound” da noite… espetacular!

O lado negativo, pra variar, veio do público (devo dizer, aliás, que é o primeiro show no Brasil onde a organização estava melhor preparada que o público). Já em Running to stand still, pouco tocada nas últimas turnês, a galera começou a aproveitar pra conversar e consultar seus celulares. Foi assim até o fim do lado B de Joshua Tree: justamente o mais importante pra mim. Como eu tive o azar de NUNCA ter visto ao vivo Running to stand still ao vivo (logo uma das minhas favoritas). Foi uma sequência de sete músicas inéditas!!! Afinal, Red Hill Mining Town nunca havia sido tocada ao vivo. Exit e Trip through your wires, só na Joshua Tree original. As outras três foram tocadas bissextamente.

Fiquei hospedado com minha família em um condomínio ao lado do estádio, bem em frente justamente do portão de acesso à arquibancada daquela primeira noite. À tarde, pude ouvir da minha varanda a passagem de som (a base pré-gravada de Where the streets have no name). Parecia estar dentro de um filme. O som era forte e claro. Dava pra escutar tudo. Estava do lado certo do vento. E assim foi o som em todas as noites: alto e claro. Em menos de 10 minutos após o encerramento com One, já estava em casa com meu filho nos braços. No sábado, abri uma cervejinha e fiquei sentado na varanda só escutando… até o meu filho começar a chorar.

No domingo, lá estava eu de novo. Dessa vez pra valer. A chuva não cessava e chegou a cair durante parte do show do Noel. Mas, como o U2 nasceu virado pra lua, nem uma gota durante a apresentação dos irlandeses. Dessa vez consegui comprar o copão de cerveja e uma camiseta da turnê (não qualquer camiseta, mas a única que eu realmente queria). Coincidências da vida, sentei entre um casal carioca e uma família de Fortaleza, e bem na frente do camarote do São Paulo.

Já no sábado (da varanda) eu havia sentido a resposta do público mais intensa do que na quinta. O mesmo ocorreu no domingo. Se Sunday Bloody Sunday surgiu revitalizada, Pride, que encerra o primeiro ato, soou mais batida e cansada. Senti falta de algo do Boy, como I will follow (que seria tocada na quarta no final, como ocorrido em Santiago) ou Out of control . Um snippet que eu sempre quis ouvir Bono cantando era Rain, dos Beatles. Estimulado pela chuva do dia e o encontro com Paul McCartney no início da semana em São Paulo, lá vem ele com a música toda em Bad. Morri. Na passagem para o set de The Joshua Tree, pude, vendo mais de perto, perceber sutilezas que antes haviam me escapada. É arrepiante!

Por mais sensacionais que sejam, as quatro primeiras músicas eu já havia escutado nos shows anteriores e se tornaram comuns nos setlists da banda. O uso do telão, mais como uma moldura visual das canções do que um registro para quem está vendo de longe, é fantástico. Em I still haven’t found what I’m looking for, ele manda o cover de Stand by me, que toca no encerramento do show e sempre faz a galera cantar. Ele deve ter reparado isso, pois na quinta e no sábado ele não havia cantado. E ficou nítida a improvisação de momento. Durante o lado A, predomina a paisagem panorâmica. No lado B, as imagens são mais interativas.

Em Red Hill Mining Town, o arranjo é todo reformulado e aparece no telão um conjunto de sopros que acompanha a banda. A releitura do hard rock para o coreto da praça é magnífica. In God’d country talvez seja a canção com a versão mais fiel ao disco. Trip through your wires foi, para mim, a grande surpresa da turnê. Mesmo na turnê original, sua execução soava um tanto apagada. Nesta, foi uma das melhores canções da noite. Particularmente no domingo, onde ela começa com uma pegada meio funkeada. One Tree Hill, com sua batida atemporal e moderna, foi a que mais atraiu a atenção do público desinteressado em ouvir o que não conhecia. O vigor de Exit revela o quão equivocado foi o seu prolongado exílio dos palcos. Por fim, Mother of the disappeared foi pura poesia, com um belo solo do Edge.

Pequena pausa e a banda volta com um set matador: Beautiful day, Elevation e Vertigo. O estádio pula sem parar. O falso fim de Vertigo e seu retorno com Rebel Rebel é de lavar a alma. Em novo intervalo, eu comento com o casal do meu lado que eles costumavam tocar Mysterious Ways na turnê, mas que em São Paulo ela tinha ficado de fora. E qual são os acordes que eles tocam na volta? Pois é… na minha segunda noite ganhei uma música a mais.

You’re the best thing about me, música do até então novo single, foi ouvida com polida atenção, mas sem empolgar. O que empolga mesmo é a homenagem às mulheres no telão em Ultraviolet. Já se sabia que apareceria uma homenageada brasileira, só não sabia que apareceriam tantas. Enquanto do Chile aparece Michelle Bachelet, no Brasil eles prudentemente deixaram a política de lado (Tarsila do Amaral, Irmã Dulce, Taís Araújo, Maria da Penha), o que significa que estão bem informados sobre o que se passa por aqui. Por fim, o encerramento com One.

Um show redondo, sóbrio, perfeito. Como o disco celebrado.

Deolinda no Rio

11/06/2016

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Inauguração do evento Festa Santos Populares Portugueses na Praça XV com o show do Deolinda, em um palco espremido entre o Paço Imperial e o Chafariz do Mestre Valentim. Primeira vez deles no Rio, de graça, neste cenário, não dava nem pra reclamar do som, que estava bom, apesar de achar a voz da Ana Bacalhau um pouco baixa.

O pequeno (mas condizente com o espaço) e animado público deixou a banda à vontade. Os músicos foram se soltando com o desenrolar do show, que só foi melhorando cada vez mais. Não foi uma apresentação com altos e baixos, foi só ladeira acima.

Luís José Martins deu show com seus diversos instrumentos de corda, enquanto Ana esbanjava simpatia e empatia com o público, contando histórias e construindo boas pontes entre nossas diferenças culturais.

A presença de palco de Ana lembrou um pouco a de Zaz: gaiata e muito expressiva, com um jeitão meio moleca que combina bem com as muitas letras bem humoradas. Só que Zaz se veste mais como uma descolada cantora de rua de Montmartre (o que ela já foi) e Ana estava, pelo menos nesta noite, com um visual de dama do Fado.

Foram 100 minutos de espetáculo enxuto e eficiente. Sabia que seria bom. Sabia que era imperdível. Mas nem sempre dou azo aos meus instintos. Já perdi muita coisa boa por causa disso. Mas não esta noite.

Que tal agora começarem a lançar os discos deles no Brasil? Já são quatro!

Prince

21/04/2016

Purple Rain

Purple Rain (1984), Prince.

Eu não era fã do Prince. Não era meu estilo, assim como Michael Jackson. Mas gostava de algumas músicas. Vi Purple Rain e até achei o filme razoável, e a música foda! Demorei um pouco mais pra curtir Kiss, e gostar muito. Só nunca tive muito jeito pra dançar. Já o que ele fez pro Batman não curti mesmo. E, claro, a música da carequinha, que eu demorei um tempinho pra saber que era dele. Muito boa!

Por isso me sinto um felizardo infiel que teve a oportunidade de vê-lo ao vivo no Brasil, enquanto muitos amigos fãs não tiveram a mesma sorte. Foi no Rock in Rio 2, no Maracanã, um dia de muita chuva que bagunçou um pouco a ordem dos shows. Alceu Valença, por exemplo, tocou depois de Prince, já de madrugada, e a galera que estava comigo não quis ficar pra ver.

Mesmo sem conhecer muitas músicas, achei o show espetacular. Aliás, literalmente um espetáculo. Som, movimentação de palco, luzes, teatralidade, dança. Lá pelas tantas, umas mulheres saem do gargarejo e sobem ao palco para dançar (não lembro qual música). De repente, uma delas sobe no piano do baixinho e manda ver, para delírio dele. Era possível ver seus olhos faiscando lá do meio do gramado do antigo Gigante. Soube no dia seguinte que era Márcia Bulcão, ex-vocalista da Blitz. Ela desceu do piano e tratou de voltar à plateia, enquanto as outras tiveram que ser retiradas do palco, tragadas de seu deslumbramento. E, sim, ele tocou Nothing Compares 2 U, numa versão diferentemente genial.

Dificilmente quem tem menos de 30 anos vai entender o impacto de Prince nessa época. Pode até imaginar, mas vivenciar é outra história. Mesmo eu, fora do seu público alvo, era afetado, pois Prince era um pacote de influências culturais. Prince foi tantos que até me pergunto se hoje morreram todos ou se apenas um…

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Prince no Rock in Rio 2, 1991.

U2 em Paris

17/01/2016

Paris 2

Finalmente pude ver o especial da HBO com o show do U2 em Paris. Infelizmente, não foi graças à Globo, naquela patética transmissão dilacerada com Pedro Bial dublando o Bono. Mas amigos e Youtube estão aí pra isso mesmo!

A história é conhecida: o U2 já havia tocado duas noites em Paris e havia dado um pequeno break para os shows do fim de semana. Neste ínterim, numa sexta-feira 13, ocorrem os ataques terroristas na Cidade Luz. Os shows são cancelados devido às diversas medidas de segurança adotadas pela polícia francesa.

Em dezembro, a banda irlandesa retorna para dar esses shows e, no fim do concerto, chama ao palco a banda americana Eagles of Death Metal, que teve a sua apresentação no Bataclan violentamente interrompida naquela noite sangrenta. Juntos cantam People have the Power, composição de Patti Smith, que havia tocado com o U2 esta mesma música na noite anterior (show também transmitido pela HBO). Mas não ficou só aí: os irlandeses deixaram o palco e permitiram que os americanos fechassem a noite com seu I love you all the time, momento que o vocalista Jesse Hughes jura que jamais esquecerá.

Tal encerramento (não só do show, mas também da turnê em 2015), assim como o já tradicional painel com os nomes das vítimas dos ataques com a bandeira francesa ao fundo no final de City of Blinding Lights, com Bono cantando trecho de Ne me quitte pas, certamente é o que torna esta noite de segunda, dia 7 de dezembro, inesquecível, mas tem também o resto do show e o que torna esta turnê inesquecível.

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Quando vi o vídeo da ZooTv, não imaginei que um dia alguém pudesse igualar a ousadia no uso de telões em um show. Na Popmart, a banda ousou no tamanho e na tecnologia, mas o palco me parecia apenas uma versão incrementada do palco dos Rolling Stones na tour do Voodoo Lounge. Apesar de toda a parafernália, no final das contas funcionava apenas como um telão. Em termos de interatividade, o telão da Vertigo Tour tinha sacadas mais espertas. Nesta turnê, por sua vez, o palco nos ginásios era uma versão turbinada da humilde Elevation Tour. Já o palco na versão pros estádios se aproximava mais da Popmart, sem o “McDonald” e o limão.

Eis que a banda inova mais uma vez com o alucinante palco da 360° Tour, com um telão circular que descia até o palco, suas passarelas móveis, mais parecendo uma nave espacial. “Pronto”, pensei, “agora só resta à banda voltar ao básico da Elevation Tour, pois nada vai poder superar isso”.

Bem, devido às limitações da paternidade recém adquirida, ainda não tive a oportunidade de checar in loco a Innocence + Experience Tour, mas o que vi em vídeo parece alcançar a grandiosidade da 360° e levar a interatividade da ZooTv a outro patamar.

O show tem vários atos, como em uma ópera. No primeiro, centrado principalmente nas músicas novas, tem como tema as reminiscências nostálgicas de Bono. Assistindo ao show na íntegra, esse caráter conceitual é mais amarrado do que havia me parecido até então. Até mesmo a nova versão para Sunday Bloody Sunday, que antes só havia escutado na transmissão em stream da eterna Sil Rigote, passou a ter sentido. O melhor de tudo é que, ao contrário do ocorrido na 360°, onde as músicas do No Line on the Horizon foram minguando de uma leg pra outra, na I+E são a coluna vertebral de todo o espetáculo.

A sequência, ao menos nos últimos shows de 2015, que vai de Iris a Raised by Wolves, passando por Cedarwood Road, Song for Someone e Sunday Bloody Sunday (a única antiga), funciona como uma peça única a qual é dada um tratamento visual sem precedentes. Lágrimas rolam em Iris e queixos caem no esplendor visual interativo de Cedarwood Road. O “vídeo em quadrinhos” de Song for Someone emociona e prepara para a temática política de Sunday Bloody Sunday e uma ótima Raised by Wolves, que soa melhor e mais urgente do que no disco.

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E quando você acha que valeu o ingresso e já pode ir pra casa, se dá conta de que este é apenas o início. O set fecha com uma estonteante versão de Until the end of the World, onde o telão-passarela é usado para encenar o já tradicional embate entre Edge e Bono, reinventando o que poderia correr o risco de ficar batido.

Semelhante à 360°, o telão desce até a passarela, mas em escala monumental. A banda toda fica dentro pra tocar Invisible, numa teatralidade capaz de deixar Peter Gabriel orgulhoso. Seguida de Even better than the real thing, trata-se de um curto (e belo) ato de transição para o momento seguinte do espetáculo: o E Stage.

O palco E nada mais é do que o antigo palco B já usado na ZooTv, Popmart e dividido na Vertigo. Ali são tocados os números acústicos, a filmagem em webcam (agora com celular), e o momento “suba no palco”, que a cada noite parece crescer o número de convidados. Bono já se deu conta que o público do gargarejo meio que se repete, a ponto de mais de uma pessoa já ter sido agraciada pelo menos duas vezes na mesma turnê. Foi o caso da Trish (se entendi certo o nome da menina), responsável pelo celular e pela dança em Mysteryous Ways (mandou muito bem, aliás).

Na volta ao palco principal, com uma reedição da versão de Bullet the Blue Sky da ZooTv, é dado início à sequência de hits até o final. Nas músicas do falso bis, as estripulias visuais ficam em segundo plano, parecendo-se mais com um show convencional.

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A voz do Bono, como sabemos, não é mais a mesma, mas isso só é relevante quando você está assistindo ao show do conforto de sua poltrona. Pra quem tá lá pulando, cantando, decidindo pra onde olhar (no caso de shows do U2, um detalhe importante), falhas na voz passam despercebidas. O que importa é a percepção holística do concerto. Shows de arena nunca foram só pra ouvir música.

O que me deixa apreensivo é que o espetáculo é todo pensado para ginásios, e não sei se há ginásio no Brasil que comporte esta estrutura ou se, havendo, daria vazão a um show dessa magnitude. Aguardemos.

Final do show com o Eagles of Death Metal, aqui.

Unrepentant Tour

08/12/2015

Ao escrever minha resenha sobre o show do Pearl Jam no Maracanã, dei-me conta de que nunca escrevi minha resenha dos shows da Tori Amos. Chegou a hora de consertar isso.

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Em maio de 2014, parti com minha esposa para assistir (pela primeira vez) a dois shows da Tori na Europa. O primeiro em Londres, no Royal Albert Hall, e o segundo em Bruxelas, no Cirque Royale. Nas duas semanas que separaram um show do outro, uma fértil passagem por Paris (sem Tori). A ideia era escrever uma resenha assim que chegasse de viagem, mas logo de cara recebemos a notícia da gravidez e a vinda do primeiro filho. E foi assim que deixei o blog de lado por longos oito meses.

A Unrepentant Tour iniciou na Irlanda antes mesmo do lançamento oficial do álbum Unrepentant Geraldines. O show em Londres era a oitava noite da tour. Verdes em termos de concertos da Tori, não tínhamos conhecimento dos seus Meet & Greet, costumeiramente na tarde das apresentações no próprio teatro. Informados sobre o assunto por um casal de brasileiros que a acompanhava desde o norte da Inglaterra, prometemos não repetir o vacilo em Bruxelas.

Animado por conhecer o famoso Royal Albert Hall, resolvemos fazer um tour pelo teatro antes do espetáculo (nada como lugar marcado!). Belíssimo por fora, por dentro o teatro é apenas funcional. Classudo, mas espartano. A diferença se fez mostrar quando soaram os primeiros acordes do piano de Tori: som limpo, cristalino, na altura certa.

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Aos (ainda) 50 anos, a voz de Tori parece seguir intocável pelo tempo. Bastante animada (o oposto do humor apresentado em Bruxelas), esbanjou simpatia, comunicando-se todo o tempo com o público, transformando o concerto num sarau para amigos.

Entre as 18 músicas tocadas em Londres e as 19 de Bruxelas, apenas 4 canções foram repetidas: a abertura com Parasol, o “final” antes do bis com Cornflake Girl, a curta Mr. Zebra e a empolgante Take to the sky, que depois trocaram de posição no setlist. Em Londres, Mr Zebra foi na primeira parte e Take to the sky no bis. Em Bruxelas, as posições foram invertidas. Com isso, assistimos a um total de 33 canções diferentes. Portanto, acompanhar uma tour de Tori Amos noite após noite é um grande negócio.

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Assim como ocorre com o Pearl Jam, tamanha flexibilidade e mais de 20 anos de repertório fazem com que os novos álbuns sejam pouco contemplados. Não que sejam ignorados, mas podem ser mais ou menos tocados como um player randômico com cerca de três centenas de canções.

As mudanças não se limitam ao setlist. A mesma música é vivenciada de forma diferente a cada noite, pois Tori a carrega com diferentes matizes emocionais cada vez que a interpreta. Isso só não ocorreu nessa tour em Cornflake Girl, que vem acompanhada de playback e um convite pra galera se levantar e dançar (e invadir a frente do palco). Achei esse playback desnecessário, e até mesmo quebra um pouco o clima do show.

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Royal Albert Hall, 15 de maio de 2014.

A estrutura do show, no entanto, não mudou (aí já é demais, né?). O show é dividido em duas partes. A primeira abria com Parasol e fechava com Cornflake Girl, apresentando sempre um set com dois covers chamado de Lizard Lounge. Depois um “bis” para mais três músicas no mínimo.

Até Londres, Tori vinha tocando covers bastante inusitados. Já na capital inglesa e em Bruxelas, três das quatro músicas ela havia gravado oficialmente: Rattlesnakes, Smells like teen  spirit e Famous blue raincoat. A outra, Sorry seems to be the hardest word, uma composição de Elton John que eu desconhecia. Mas nada a reclamar.

Em Bruxelas, dedicamos a tarde ao Meet & Greet, que acabou sendo corrido devido a um atraso da cantora. No tempo de espera encarando a fome e o frio (choveu quase toda nossa estada na cidade), acabamos conhecendo um punhado de fãs, entre eles dois brasileiros (um quase vizinho carioca e uma paulista que morava em Zurique). Acabamos virando o “grupo de brasileiros”, momento devidamente registrado em foto tirado pela assistente pessoal de Tori.

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Ao retornarmos para o teatro no início da noite, ficamos satisfeitíssimo com nossos assentos, que possibilitava uma vista muito mais próxima do palco. O Cirque Royale é de dimensões bem mais humildes que o Royal Albert Hall. Eis que, no intervalo entre o show de abertura e a apresentação da Tori, ficamos sabendo que “os brasileiros da foto” ganharam lugar na primeira fila… e bem no meio!

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Cirque Royale (Koninklijk Circus), 28 de maio de 2014.

O humor de Tori não estava dos melhores, o que se refletia num setlist mais pesado. O meu vizinho conseguiu emplacar um pedido, Take me with you, um lado B do B. Se não tinha sido um dos melhores dias na vida da cantora, certamente foi um dos melhores nas nossas.

Father Lucifer ao vivo em Bruxelas.

Pearl Jam 2015

28/11/2015

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Pearl Jam é uma banda que transita com bastante desenvoltura entre o folk e o hardcore. Tem também como assinatura a incrível variação do setlist entre um show e outro, similar à versatilidade de um Bruce Springsteen, mas sem o radicalismo de uma Tori Amos, que chega a manter de manter apenas quatro canções fixas em suas apresentações. Assim, alguns shows podem pender mais pra um estilo ou pra outro, defendendo da vibe dos músicos em determinada noite. Naquela noite carioca de lua quase cheia, eles estavam bastante pilhados, apresentando o setlist mais pesado de sua passagem pelo Brasil. Em 2005, por exemplo, a porradaria ficou para os curitibanos. Azar o meu, que preferiria muito mais os setlists de Porto Alegre e de São Paulo (ou o de Bogotá, três dias depois do Rio), e ainda fiquei sem ouvir os covers de Rain (talvez devido ao tempo bom) e All along the watchtower. Mas o pior show do Pearl Jam é ótimo.

Poucos artistas podem navegar por um repertório de mais de 20 anos de carreira com tanta desenvoltura, sem medo de ser feliz ou de desagradar o público. Alguns, como o U2, optam por um setlist mais engessado; outros, como Paul McCartney, não mudam sequer as piadas entre as músicas. O carisma de Eddie Vedder e esse suspense contínuo de qual será a próxima música são garantias de emoção do início ao fim.

Desnecessário falar das músicas, da empolgação da galera, que quicava até mesmo nas cadeiras do fundão, das homenagens às vitimas do Bataclan. O maior destaque da noite foi a própria emoção de Eddie Vedder sobre o palco, esforçando-se ao máximo para ser entendido em seus discursos. Ficou transparente que havia aproveitado bastante sua passagem pelo Brasil, e se divertido muito, e como nunca.

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Assisti aos três shows do Pearl Jam no Rio de Janeiro, nas turnês de 2005, 2011 e a de agora, em 2015. Os dois primeiros foram na Praça da Apoteose, o último no Maracanã. Continuo achando a Apoteose o melhor lugar para shows de arena de grande porte no Rio. Tirando a galera do gargarejo, há pouca diferença visual e sonora entre pista e arquibancada, além da possibilidade de poder circular livremente entre uma e outra (até a invenção da Pista Premium). Os dois shows que assisti no Engenhão, Paul McCartney e Roger Waters, foram muito bons, com ótima acústica, mas não troco pela sensação de integração que sinto na Apoteose, além da questão do acesso (insuperável, no caso do Maracanã, a arena mais central e de mais fácil acesso de todas).

O reduzido Novo Maracanã se mostrou mais apropriado para shows do que o antigo gigante, no qual, enquanto os arquibaldos cantavam “Hey”, a galera da pista já estava no “Jude”. Assistir a um show na arquibancada naquela época devia ser como assistir a um jogo da Seleção em HD: a galera do bar já tá comemorando o gol enquanto no seu sofá o Neymar ainda vai bater o pênalti. Rock in Rio, Rolling Stones, Paul McCartney batendo recorde no Guinness Book, vi e ouvi tudo do gramado.

O Novo Maracanã, entretanto, ainda sofre com um pouco de eco na arquibancada, como foi possível perceber em Black. Mas não foi esse o problema no show do Pearl Jam, e sim a altura demasiada, que fazia o som parecer aquele porta-malas de carro de playboy estacionado na frente do bar, com o som no último volume para impressionar as mina. O pessoal da vizinhança não viu, mas ouviu o show de graça (comentário baseado em fatos concretos). Quem mora na área sabe que a acústica externa do Novo Maracanã faz você se sentir dentro do estádio. Uma vez, ao descer do ônibus bem em frente ao setor Sul, onde estava concentrada a torcida do Botafogo, saiu um gol. Com o susto, meu espírito atravessou a rua antes do meu corpo. Impactante! Imagino o efeito de 50 mil pessoas cantando Alive a plenos pulmões.

Então, foi com uma ponta de tristeza que, logo nos primeiros acordes de Ocean, percebi que o som estaria longe do ideal (pra quem acha som ideal em show uma utopia é porque não ouviu Sir Paul tocando no Engenhão).

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Em alguns vídeos, como o de Yellow Ledbetter, ficou claro que a turma da frente não teve o mesmo problema de som. Percalços de shows de arena…